Eu nem era para falar neste assunto, mas uma vez que não se fala de outra
coisa e eu já estou farta desta coisa. E que para que fique bem claro, EU SOU A
FAVOR DA PRAXE!
Relativamente ao "debate" que houve no TAGV, é óbvio que se a
intenção é mostrar que as praxes não são benéficas, vão filmar o pior das
praxes em todo o lado. O que já por si só é tendencioso.
Eu fui praxada e posso dizer que gostei
bastante. O conceito de humilhação é muito subjetivo. Se calhar houveram coisas
que me foram feitas e que eu não considerei como humilhação, mas que outros o
poderiam ter considerado, como por exemplo, ter ovos partidos, farinha, açúcar,
piri piri líquido e nuttela na cabeça, tudo ao mesmo tempo.
Humilhação? Não. Divertimento. Saber rir de nós
próprios é uma grande virtude.
Porque é que só falam na humilhação das praxes?
Sim, porque no mundo do trabalho, o que mais se vê são patrões a humilhar e
ridicularizar (para não dizer escravizar) os seus empregados? Quantas pessoas
não se suicidam por não saberem lidar com este aspeto? Quantas pessoas depois
de serem humilhadas nos trabalhos, não chegam a casa e agridem física e
verbalmente o parceiro para mostrarem que valem alguma coisa? Estou
errada?
Eu cá ri muito, andei de joelhos, gritei,
cantei, rebolei, andei à procura de formigas vermelhas. E então? Isso é
praxe!
Sou de Coimbra e se me mandassem atirar ao
Mondego, eu não o fazia e garanto que não havia ninguém neste mundo que me
obrigasse a fazê-lo.
As Praxes têm regras e, geralmente, pelo menos
onde estudo, são cumpridas.
Quanto à parte do cortar cabelo, só o fazem se
permitirem que o façam. Essa era outra das coisas que eu nunca iria permitir.
Até me poderiam mandar cortar relva com um corta unhas para fazer o relevo das
iniciais da instituição onde estudo, mas nunca me cortariam o meu cabelo sem a
minha conivência. Beber álcool igual (nunca me embebedei e tenho bastante
orgulho nisso).
Aqueles que morreram sabiam para o que iam, para
onde iam e o que iam fazer. É responsabilidade deles. E como foi dito em algum
lado, o que era suposto acontecer era um ritual. Sim, porque aquilo não é Praxe
nem aqui nem na ConchiChina. Sinceramente, se no início tive pena deles,
neste momento não tenho pena nenhuma (e quanto mais sei do caso, menos pena
tenho).
E outra coisa. Ninguém é obrigado a ser praxado! Cada caloiro tem liberdade
de escolha. Ou é praxado (e com isto não significa que aceite e execute todas
as ordens que lhes são dadas) ou declara-se ANTI-PRAXE e resolvem o problema.
Simples assim.
Para não falar que estão a colocar todas as Praxes no mesmo saco. Há que
saber fazer a distinção. Existem inúmeros tipos de praxe. Praxe de Tunas, Praxe
de trupes, Praxe do Conselho de Veteranos, Praxe aos caloiros, etc...
Estão a fazer muito alarido à volta de um
assunto que de responsabilidade da Praxe tem pouco ou nada. E com isto tudo
deixa de se falar na crise que estamos a atravessar, no desemprego, nas pessoas
que dormem todos os dias à chuva, que morrem todos os dias à fome (isso sim é
grave), etc..
Não é que seja bom falar nestas coisas, mas já cansa ouvir falar das praxes
sempre de maneira tendenciosa para o lado negativo. Vão para a rua ouvir de
forma IMPARCIAL os caloiros e depois logo verão se a praxe é uma coisa assim
tão má.
No meu ano, até mulheres casadas se voluntariaram para serem praxadas.
Uhhhh a praxe é tão horrível, humilhante e ameaçadora à integridade física que
estas mulheres quiseram participar nelas.
Enfim. Opiniões.
E assim me
despeço, com esperança que não se fale muito mais neste assunto.
Beijinho