quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Sobre a Praxe...

Eu nem era para falar neste assunto, mas uma vez que não se fala de outra coisa e eu já estou farta desta coisa. E que para que fique bem claro, EU SOU A FAVOR DA PRAXE!

Relativamente ao "debate" que houve no TAGV, é óbvio que se a intenção é mostrar que as praxes não são benéficas, vão filmar o pior das praxes em todo o lado. O que já por si só é tendencioso.

Eu fui praxada e posso dizer que gostei bastante. O conceito de humilhação é muito subjetivo. Se calhar houveram coisas que me foram feitas e que eu não considerei como humilhação, mas que outros o poderiam ter considerado, como por exemplo, ter ovos partidos, farinha, açúcar, piri piri líquido e nuttela na cabeça, tudo ao mesmo tempo. 

Humilhação? Não. Divertimento. Saber rir de nós próprios é uma grande virtude. 
Porque é que só falam na humilhação das praxes? Sim, porque no mundo do trabalho, o que mais se vê são patrões a humilhar e ridicularizar (para não dizer escravizar) os seus empregados? Quantas pessoas não se suicidam por não saberem lidar com este aspeto? Quantas pessoas depois de serem humilhadas nos trabalhos, não chegam a casa e agridem física e verbalmente o parceiro para mostrarem que valem alguma coisa? Estou errada? 

Eu cá ri muito, andei de joelhos, gritei, cantei, rebolei, andei à procura de formigas vermelhas. E então? Isso é praxe! 
Sou de Coimbra e se me mandassem atirar ao Mondego, eu não o fazia e garanto que não havia ninguém neste mundo que me obrigasse a fazê-lo. 
As Praxes têm regras e, geralmente, pelo menos onde estudo, são cumpridas. 

Quanto à parte do cortar cabelo, só o fazem se permitirem que o façam. Essa era outra das coisas que eu nunca iria permitir. Até me poderiam mandar cortar relva com um corta unhas para fazer o relevo das iniciais da instituição onde estudo, mas nunca me cortariam o meu cabelo sem a minha conivência. Beber álcool igual (nunca me embebedei e tenho bastante orgulho nisso).
 
Aqueles que morreram sabiam para o que iam, para onde iam e o que iam fazer. É responsabilidade deles. E como foi dito em algum lado, o que era suposto acontecer era um ritual. Sim, porque aquilo não é Praxe nem aqui nem na ConchiChina. Sinceramente, se no início tive pena deles, neste momento não tenho pena nenhuma (e quanto mais sei do caso, menos pena tenho). 

E outra coisa. Ninguém é obrigado a ser praxado! Cada caloiro tem liberdade de escolha. Ou é praxado (e com isto não significa que aceite e execute todas as ordens que lhes são dadas) ou declara-se ANTI-PRAXE e resolvem o problema. Simples assim. 

Para não falar que estão a colocar todas as Praxes no mesmo saco. Há que saber fazer a distinção. Existem inúmeros tipos de praxe. Praxe de Tunas, Praxe de trupes, Praxe do Conselho de Veteranos, Praxe aos caloiros, etc... 

Estão a fazer muito alarido à volta de um assunto que de responsabilidade da Praxe tem pouco ou nada. E com isto tudo deixa de se falar na crise que estamos a atravessar, no desemprego, nas pessoas que dormem todos os dias à chuva, que morrem todos os dias à fome (isso sim é grave), etc.. 
Não é que seja bom falar nestas coisas, mas já cansa ouvir falar das praxes sempre de maneira tendenciosa para o lado negativo. Vão para a rua ouvir de forma IMPARCIAL os caloiros e depois logo verão se a praxe é uma coisa assim tão má. 
No meu ano, até mulheres casadas se voluntariaram para serem praxadas. Uhhhh a praxe é tão horrível, humilhante e ameaçadora à integridade física que estas mulheres quiseram participar nelas. 
Enfim. Opiniões. 

E assim me despeço, com esperança que não se fale muito mais neste assunto. 

Beijinho

3 comentários:

  1. O que eu não percebo é de que forma teres ovos, farinha e nutella no cabelo te ajudou na integração à Universidade, por exemplo. Não dava para fazeres jogos, conviveres com outros caloiros, sem teres esse tipo de coisa? É que supostamente a praxe serve como integração e não como uma forma de pôr os veteranos a rir das figuras dos caloiros.

    Por outro lado, não te esqueças que tens a tua visão da praxe mas não é assim em todo o lado. Eu também fui praxada e não foi nada violento, mas não achei que o que fiz tenha ajudado o que quer que fosse à integração.

    O problema de uma pessoa se declarar anti-praxe é as represálias. E dizer que estas não existem porque no teu curso isso não acontece é a mesma coisa que dizer que a violência doméstica não existe porque em tua casa isso não acontece. As represálias existem, as ameaças de exclusão de jantares, convívios, amizades, existem. A proibição de trajar, de ir no carro, de fazer parte do espírito da academia existe.

    Eu por exemplo, tive de inventar que ia viajar para me escapar de ir ao really tascas, quando muito gostaria de ter dito simplesmente "Não vou porque não bebo e acho que seria uma seca para mim".

    Eu não sou contra a praxe, acho que sim, que ela deve existir como meio de integração e é óptimo quando vejo que há pessoas que adoraram a praxe (embora eu continue a não perceber como é que um ovo na cabeça ajuda no que quer quer seja....), mas também não vale a pena fingir que não existem atrocidades feitas em nome da praxe.

    Ah, eu também me voluntariei para ser praxada quando cheguei a uma universidade sem conhecer ninguém e achei que era uma maneira gira de conhecer amigos. Hoje, olhando para trás e admitindo que a minha praxe foi como a tua (cantorias, coisas no cabelo, etc, etc) acho que teria feito as mesmas boas amizades que só simplesmente às aulas. Ou seja, lá porque me voluntariei e não tive uma praxe violenta, não significa que tenha adorado a praxe. :)

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    1. Também concordo com o que dizes Tété..
      Na parte dos ovos, não fui só eu que levei e assim como os veteranos se riram de mim, eu também me ri deles por estarem todos sujos, ri-me de mim mesma e ri-me dos outros, bem como os outros se riram de mim... Nessa situação promoveu-se o divertimento e a entreajuda, porque no fim, ajudámo-nos uns aos outros a tirar aquilo tudo da cabeça.

      Isso da anti-praxe e represálias é uma opção que têm de tomar... Todas as decisões trazem coisas positivas e negativas. Nunca se está realizado a 100%.. Claro está que esta é a minha opinião.

      As atrocidades que acontecem não são praxes, e os caloiros permitem que elas aconteçam porque muitas das vezes não lêem o Código de Praxe (e contra mim falo). Todos os que estão a ser praxados têm no mínimo 17 anos, podem e devem dizer não a certas coisas.

      Mas como disse é a minha opinião e como tal defendo-a. No entanto, respeito todas as outras desde que sejam bem argumentadas ;)

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  2. Se isto fosse o facebook punha um gosto! :)
    Se me mandarem atirar ao rio só porque estão trajados eu vou? NÃO!
    Se eles morreram? Bem feito!

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